domingo, 8 de novembro de 2009

A Volta ao Mundo...

SOMENTE APÓS TER LIDO mais da metade d'A Volta Ao Mundo Em 80 Dias eu fui me perguntar se o protagonista do romance, Phileas Fogg, realmente conseguiria cumprir sua aposta - que é resumida através do título desta obra de Julio Verne. É que o livro se torna extrememente mais interessante quando se caminha para o fim, sendo impossível deixar os capítulos posteriores para o dia seguinte (é como aqueles filmes interessantes que torcemos para não acabar logo). A narrativa simples e direta impressiona pela precisão com que o autor montou a sua história e pelos inúmeros impecílios que colocou no meio do trajeto a fim de retardar o avanço de Fogg até o seu destino sem que para isso precisasse recorrer a elementos fantásticos e irreais: Verne parecia conhecer verdadeiramente o caminho percorrido pelo seu personagem ao redor do mundo, adicionando elementos naturais e culturais únicos para cada país que ele nos levava a visitar.

FREQUENTADOR CONSTANTE entre as listas de maiores clássicos da literatura, A Volta Ao Mundo Em 80 Dias é uma leitura obrigatória para aqueles que simplesmente gostam de ler sem compromisso, uma vez que é uma experiência muito saborosa e gratificante ao chegar ao fim deste título.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Grande Gatsby


NÃO ME SURPREENDI nem tampouco me encantei pelo livro de F. Scott Fitzgerald ao ler O Grande Gatsby, sua obra prima. Na verdade este é o segundo grande clássico da literatura norte-americana que me desaponta – o outro foi O Sol Também se Levanta, de Ernest Hemingway. Não sei se é devido ao fato de que eu prefiro as obras do velho mundo, mas confesso que esperava muito mais deste que conquistou o segundo lugar na lista dos Cem Melhores Romances em Língua Inglesa do Século XX, superado apenas pelo Ulysses de James Joyce.

A HISTÓRIA DE ASCENSÃO de Jay Gatsby, em meio a um triângulo amoroso, é contada por um personagem que não participa muito dos acontecimentos, Nick Carraway, que acaba por se tornar o melhor amigo deste notável sujeito. A impressão que tive foi de que Gatsby foi trazido na marra por Carraway à posição de protagonista, uma vez que sua personalidade morta e sem muitas características foi incapaz de despontar neste papel. Nick não tem um grande amor, um grande emprego, uma grande casa, uma grande rede de amigos, nem uma história para contar: ele é o completo oposto de Gatsby, e talvez se a obra tivesse outro título poderia bem se chamar O Pequeno Carraway.

O ROMANCE É REALMENTE bem conduzido pelas mãos do autor e tem a sua melhor fase narrativa no último capítulo, onde nos deparamos com um personagem entristecido e abalado com um fato trágico, trazendo à tona a sua vida sem sentido – quem sabe um reflexo das confusas e loucas primeiras décadas do século XX norte-americano:

“Este é o meu Meio-Oeste – não trigo ou as pradarias ou as cidades suecas perdidas, mas os trens vibrantes de volta para casa da minha juventude e os lampiões de rua e os sinos de trenó na escuridão gelada e as sombras das grinaldas de azevinho lançadas sobre a neve através das janelas iluminadas. Sou um pouco solene com o sentimento daqueles longos invernos, um tanto complacente por ter crescido numa casa dos Carraway numa cidade em que as casas ainda são chamadas ao longo das décadas pelo nome de uma família”.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O Lírio do Vale


INICIEI A LEITURA DE O Lírio do Vale, de Balzac, no mesmo dia em que terminei O Vermelho e O Negro, de Stendhal, sem saber da grande semelhança entre as duas obras. Ambas foram escritas na mesma década (1836 e 1830, respectivamente) e país (França), trazendo o mesmo tema no contexto geral do romance: o envolvimento entre um jovem inteligente e inocente rapaz com uma bela senhora mais velha [!] (mãe de dois filhos, casada com um grande senhor [!!]); e com outra igualmente bonita e distinta dama solteira [!!!] (munida de uma paixão mais fervorosa que a primeira [!!!!]), que acaba por provocar um trágico final ao triângulo amoroso [!!!!!].

O LÍRIO DO VALE faz parte de A Comédia Humana, título geral que dá unidade à obra máxima de Honoré de Balzac, composta por 89 romances, novelas e contos. Félix Vandenesse, um adolescente de aparência infantil movido por uma paixão repentina num festejo popular, rouba o beijo de uma senhora que mais tarde ele descobriria se tratar da respeitável condessa de Clochegourde, mulher do sr. de Mortsauf e mãe de duas crianças. Uma história de amor se inicia entre eles quando o jovem se torna amigo íntimo da família e passa a frequentar constantemente o castelo daquela que ele passa a chamar de Henriette. O trabalho o leva à capital francesa e lá Félix conhece a sensual Lady Arabelle Dudley, que se transforma num obstáculo para a continuação do amor platônico entre ele e a sra. de Mortsauf.

O LIVRO É ESCRITO EM forma de uma carta de Félix à condessa Natalie de Manerville e não é subdividido em capítulos. Esta poderosa narrativa de Balzac descreve com detalhes o cenário campestre/rural aonde a trama de desenvolve e ao contrário de O Vermelho e O Negro, este sim, é rico em sentimentalismo e grandiloquência.

Trecho: “O homem é composto de matéria e espírito, nele a animalidade termina, nele o anjo começa. Donde essa luta que todos nós sentimos entre um destino futuro que pressentimos e as lembranças de nossos instintos anteriores dos quais não estamos totalmente desligados; um amor carnal e um amor divino. Um homem junta-os num só, outro se abstém de ambos, este resolve o sexo inteiro para nele buscar a satisfação de seus apetites anteriores, aquele o idealiza numa só mulher na qual se resume o universo, uns pairam indecisos entre as volúpias da matéria e as do espírito, outros espiritualizam a carne pedindo-lhe o que ela não conseguiria dar. Se, pensando nesses traços gerais do amor, você levar em conta repulsas e afinidades que resultam da diversidade das organizações, e que rompem os pactos firmados entre os que não enfrentam provas; se a isso você acrescentar os erros causados pelas esperanças das pessoas que vivem mais especialmente do espírito, do coração ou da ação, que pensam, sentem ou agem, e cujas vocações são contrariadas, desconhecidas numa associação em que em que se encontram duas criaturas igualmente duplas, você terá uma grande indulgência pelas desgraças com que a sociedade se mostra impiedosa”.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O Vermelho e O Negro


TINHA O VERMELHO E O Negro em casa desde sempre guardado na coleção de livros de minha mãe, mas nunca foi despertado em mim nenhum interesse em lê-lo até descobrir que ele aparecia em algumas das várias listas que encontrei de maiores clássicos da literatura. Ao pesquisar o autor, Stendhal, logo me veio à lembrança que eu já havia lido uma outra obra sua: uma biografia de Mozart que vinha impressa em forma de revista junto de um cd do compositor que eu comprara há alguns anos numa banca de jornais. O livro se passa no período da restauração napoleônica e retrata a França do século XIX. Embora produzida em pleno Romantismo, a obra de Stendhal se mostra isenta de sentimentalismo e grandiloquência. É ligeiramente cansativa e grande em demasia, mas é dividida em capítulos curtos que facilitam a leitura.

A seguir, apresento um curto resumo (contém Spoilers):

O ROMANCE NARRADO EM terceira pessoa e escrito em 1830 constitui uma de suas obras-pimas e conta a história do jovem Julien Sorel, latinista, cristão devoto e polido filho de camponês que passa a trabalhar por ordem do pai como preceptor das crianças do Sr. de Rênal, prefeito da bela, pequena e francesa cidade de Verrières. Em pouco tempo ele se vê atraído pela sua linda patroa, que progressivamente vai-lhe retribuindo o afeto, entrando ambos em um namoro secreto e inocente que se estende por toda a primeira parte do livro. Devido às desconfianças do prefeito, Julien parte para um seminário e deixa para trás a sua amada Sra. de Rênal a quem posteriormente volta para despedir-se antes de partir definitivamente para longe. Este seu retorno a Verrièrres no último capítulo da primeira parte marca um dos momentos mais interessantes da obra.

A SEGUNDA PARTE TRAZ um Julien mais amadurecido e diante de uma nova vida: tornara-se secretário do Marquês de La Mole, “um dos maiores senhores da França” e tentava na medida do possível se acostumar com aquela alta sociedade e com as noites nos salões. Evitava conversar com a filha do marquês, a Srta. Mathilde, que vivia cercada de admiradores e quem ele achava muito orgulhosa, mas sua frieza acabaria por despertar nela um interesse que se metamorfosearia em amor (os capítulo 9 e 10 descrevem bem esta transformação). Viveram um namoro aos tropeços com o orgulho de cada um até o dia em que ela anunciou estar grávida. A Sra. de Rênal reaparece na história no 35º capítulo escrevendo contra a sua vontade uma carta ao Sr. de La Mole aonde diz absurdos sobre Julien, provocando a ira do herói que vai a Verrières tentar sem sucesso assassiná-la. É assim que o jovem Sorel se reconcilia com a sua primeira paixão e morre condenado pelo seu crime, permanecido ainda vivo no coração das duas e do lado do povo, que encontrou naquele caso uma aventura romanesca.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Seleção de tiras (Angeli)

Publicadas Jornal Folha de S. Paulo nas respectivas datas: 13/02, 21/03 e 06/04/2009

terça-feira, 7 de abril de 2009

Delírio


O RELÓGIO MARCA 6:59 da noite. Deito-me em minha cama e começo a refletir sobre o nada enquanto observo o teto esbranquiçado que traduz o que eu conquistei nos últimos tempos. Minha pele está quente, meus olhos estão pesados e minhas pernas fracas. Sinto frio, fome e você cada vez mais longe.

É IMPOSSÍVEL CONTROLAR o meu leito. Ele me leva para onde jamais estive, desprendendo-se de meu corpo enfermo e deixando-me no ar. Observo um sujeito franzino e de passos longos a bater na calçada com os seus sapatos pobres. Ele atrasou-se e corre para ganhar tempo. Sei que mais tarde ele reclamará de sua vida atarefada, mas desconhece o que pratica em suas horas vagas. Não sabia que a sua solidão o faria deitar-se em sua cama ainda quente pra refletir sobre coisa nenhuma.

AO ABRIR A JANELA observei algo flutuando no ar: era alguém apavorado, insatisfeito e descontente de estar imóvel. Torcia para cair ainda que a conseqüência fosse a sua morte. Ele não gosta de estar por cima e entende tudo sobre isso. Mais vale o mistério.

FOI AO PENSAR nisto que seu corpo se desprendeu do espaço e atingiu o chão, fazendo-o despertar às 7:23 da noite naquele corpo ainda em chamas.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Escolhas

EU TROQUEI OS filmes de graça pelos alugados. Troquei as notícias virtuais pelas televisivas. Troquei os estudos por entretenimento inútil. Troquei os fones de ouvido por um livro. Substituí a ficha da biblioteca pela do banco. Preferi Pink Floyd a Nirvana. Deixei um cabelo grande por um par de óculos. E adquiri com isto a saudade de algumas boas noites

MAS HOJE MEU semblante cansado está mais compreensivo. Mas minhas noites, não menos longas e nostálgicas. E meu medo do futuro cada vez mais presente. Como estarei daqui a cinco anos? Espero que menos preocupado e um pouco mais acompanhado.

ACHO QUE EU passarei uma semana sem fazer a barba...

domingo, 1 de março de 2009

Lista de listas

EU GOSTO DE FAZER listas. Já fiz lista dos filmes que mais gostei de assistir e daqueles que ainda pretendo ver, assim como já fiz catálogo das músicas que mais gosto e de discos que ainda ouvirei. A literatura também não fica para trás, já que tenho uma lista dos livros que já li a uma folha contendo os títulos que ainda pretendo ler antes de morrer. Este hábito, no entanto, anda meio abandonado, assim como inúmeras outras coisas que não faço mais. Não sei como é, mas talvez eu estivesse cansado de ser quem eu sou. Eu não era muita coisa, mas pelo menos conquistei algo. Só agora percebo que a minha mudança trouxe conseqüências e por isso pretendo voltar a ser a mesma pessoa de sempre: interessante apenas para mim mesmo. Agora, então, pretendo riscar mais itens de meus catálogos já criados antes que eu comece a fazer uma nova lista contendo os grandes amigos que eu já perdi.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Troféu do Amigo

Eu já não atualizo este blog como antes, mas mesmo assim recebi mais um selo das mãos de Jaqueline (Jaque Sou, O Jeito é Ser). Este, é o Troféu do Amigo, e a sua descrição está aqui: "Esses blogs são extremamente charmosos. Esses blogueiros têm o objetivo de se achar e serem amigos. Eles não estão interessados em se auto promover. Nossa esperança é que quando os laços desse troféu são cortados ainda mais amizades sejam propagadas. Entregue esse troféu para oito blogueiros(as) que devem escolher oito outros blogueiros(as) e incluir esse texto junto com seu troféu."

Bem, aí vão minhas indicações: Jaque Sou (sei que ela me indicou, mas não a deixaria de fora), Doce Clareza (que eu tenho esperanças que ela volte a escrever), Memórias Escritas a Lápis (que também anda sumida), Sensações da Falta de Sensação (que não atualiza o blog há um mês), Doce Pesadelo (também já foi uma blogueira mais dedicada), Jsk (uma grande leitora, em todos os sentidos), Menina Sãn (tem algo em seus textos que me agrada muito) e Doce Ócio (Só a deixei por último por que abandonou o blog, mas não poderia esquecê-la. Ah, não).

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Novos selos

RECEBI ALGUNS PRESENTES de Jaquelyne (minha poetisa predileta e autora do Jaque Sou). São alguns selos que já havia visto em outros blogs e que consistem basicamente em divulgação. As regras são geralmente iguais, constando em "linkar" aquele que te indicou, exibir a imagem do selo, indicar mais alguns blogs, exibir as regras e avisar aos indicados sobre o ocorrido. Como estou meio ausente e desobediente nestas últimas semanas, estou tentando fugir de algumas regras. Oscar Wilde já dizia que "qualquer pessoa que tenha lido a história da humanidade aprendeu que a desobediência é a virtude original do homem". Quero apenas agradecer imensamente à Jaqueline, quem está sempre lembrando do KozmicSoldier, e pedir que visitem o seu belíssimo site de poemas (coisa esta que faço quase diariamente):

OS SELOS COM os quais ela me presenteou foram: "Olha que blog maneiro!", "Esse blog é D+" e "A-d-o-r-o o seu blog", além de um que ela própria criou, chamado "Blog que É por essência", que parabeniza todos os que fazem da Poesia sua razão de existir, a essência verdadeira, e a compartilha. Aí estão eles (muito obrigado, minha querida):


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Au revoir

MELISSA FOI EMBORA quando deixou de me olhar nos olhos. Quando não quis mais brincar. Melissa foi embora sem se despedir ou olhar sobre os ombros, levando consigo meu sorriso. Ela nunca pediu para ficar e nem mesmo avisou de sua partida. Melissa preferiu sair à noite, quando o ponteiro pequeno estava mais alto e um escorpião desenhava o céu estrelado. Sim, ela foi tarde. Vai tarde, Melissa! Mas se decidir voltar, não hesite em apagar as luzes.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Não sou uma laranja

PORQUE A MAIORIA dos produtos comerciais fontes de Vitamina C abusam da cor laranja e da fruta de mesmo nome? Não sabem eles que a acerola possui 1600 mg/100g e que tantas outras frutas vencem a laranja, que tem apenas 50 mg/100g (outros exemplos são jujuba, goiaba, kiwi, amora, mamão e morango)? A popularidade anda mesmo ao lado da hipocrisia (ou ignorância).

ISSO ME FAZ LEMBRAR daqueles(as) bons(as) alunos(as) que alguns professores adoram e são motivo de desprezo para outros tantos. Eu sempre me simpatizei mais por aqueles que não chamam muito a atenção e na maioria acabo descobrindo que eles têm a capacidade de ser tão bons quanto qualquer um. Não tiram notas muito altas e não questionam muito nos cursos; Não vivem estudando em casa e não têm exemplo de frequencia nas aulas; Nunca têm seus nomes lembrados pelos professores e jamais frequentam as festas da turma; Ficam nervosos na hora da apresentação e sempre deixam uma boa idéia para a apresentação seguinte copiar com maior profissionalismo; Gostam de sentar-se no centro da sala de aula e votar contra a maioria.

EU AINDA NÃO SINTO falta dos tempos de escola, mas dizem que é algo que a gente sempre gostaria de reviver novamente. Sei lá. Talvez eu seja apenas um daqueles que nunca seriam lembrados para uma festa de re-reunião de turma. Talvez. Não sou uma acerola, mas um mamão já é de bom tamanho.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Prêmio Dardos

Recebi da querida e talentosa amiga Jaquelyne (minha poetisa predileta) - do belo blog Jaque sou - o prêmio/selo DARDOS, que "é dado aos blogueiros que transmitem valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. Que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está, e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras". Muito obrigado pelo presente, Jaque!

Deverei seguir algumas regras:
01. Exibir a imagem do selo; 02. Apontar o blog pelo qual recebeu o prêmio; 03. escolher quinze outros blogs a quem deve oferecer o prêmio DARDOS; 04. Avisar os escolhidos!

Sim, eu sei que deveria escolher 15 outros endereços interessantes, mas meu limitado círculo internético-social não me permite. Darei então o prêmio a estes cinco maravilhosos blogs:

Doce Ócio (www.doceocio.blogspot.com); Memórias Escritas a Lápis (www.memoriasalapis.blogspot.com); Sensações da Falta de Sensação (www.uhntissbabe.blogspot.com); Doce Clareza (www.doceclareza.blogspot.com); e
Doce Pesadelo (ellenfernandes.blogspot.com).