quarta-feira, 26 de março de 2008

Top 10: Melhores desenhos violentos ou politicamente incorretos

QUANDO O TEMA É violência nos desenhos animados, há sempre aquela discussão sobre a influência que podem exercer sobre as crianças, que são os maiores telespectadores deste tipo de entretenimento, ficando em média 4 horas diárias em frente à televisão (o que equivale ao tempo que ficam na escola). O fato é que os personagens politicamente incorretos existem há décadas. Se você quiser descobrir na prática se esses desenhos corrompem crianças, basta perguntar a seus pais se foram negativamente influenciados por séries como Tom e Jerry ou Manda-Chuva, que passam desde a década de 60. Eles na certa negarão.



ACHO ESSA DISCUSSÃO completamente inútil, bem como aquele bla-bla-bla sobre mensagens subliminares presentes em produções da Disney, por exemplo. Se for para apontar um culpado, prefiro condenar as famílias mal estruturadas. Estas sim são capazes de formar bandidos ou assassinos, colocando em nossas crianças um caráter “mau como o Pica-Pau”, como dizem por aí.

FORJEI UMA PEQUENA lista de 10 grandes clássicos que contém personagens ou enredos mal intencionados. Certamente você conhece a maioria deles:

1. Tom e Jerry [Tom and Jerry, Hanna-Barbera] desde 1940 – O gato sempre acaba esfolado ou decepado. Quando se irrita de verdade, saca uma espingarda para perseguir o provocativo rato, munido de um grande desejo de vingança.
2. Pica-Pau [Woody Woodpecker, Universal Studios] desde 1940 – O protagonista é uma ave inicialmente que vai ao médico receber tratamento. Tornou-se um brincalhão mau-caráter e trapaceiro, fazendo de tudo para matar sua fome.
3. Papa Léguas [Road Runner, Looney Tunes] desde 1949 – O Coiote está sempre caindo de penhascos, sendo atingido por objetos pesados, atropelado ou se explodindo.
4. Os Simpsons [The Simpsons, Fox] desde 1989 – Esta popular família conta com um pai idiota e um filho que apronta de todas, como humilhar o diretor de sua escola. Destaque para o programa preferido de Bart: Comichão e Coçadinha, uma sátira sangrenta de Tom e Jerry.
5. Piu-Piu e Frajola [Sylvester and Tweety, Looney Tunes] desde 1940 – Segue a mesma fórmula de perseguições e situações dolorosas. Frajola caça o passarinho simpático ou o rato mexicano, usando inclusive armas de fogo.
6. Pernalonga [Bugs Bunny, Looney Tunes] desde 1939 – O protagonista é um coelho esperto que sempre escapa das caçadas realizadas pelo Hortelino ou Eufrazino, que carregam uma espingarda nas mãos. Há quem olhe com maus olhos quando o Pernalonga se veste de mulher.
7. Manda-Chuva [Top Cat, Hanna-Barbera] desde 1961 – O desenho é sobre uma gangue de gatos de rua que vivem nos becos de Manhattan. Estão sempre fazendo armações para se darem bem e fugindo da polícia.
8. Corrida Maluca [Wacky Races, Hanna-Barbera] desde 1968 – A série se resume a uma competição dos mais variados automóveis. Destaque para o Dick Vigarista, que jamais conseguiu vencer uma corrida e sempre tentava sabotar seus adversários.
9. Pato Donald [Donald Duck, Disney] desde 1934 – O pato mais conhecido dos desenhos animados não é o que se pode chamar de carismático, principalmente quando é passado prá trás pela dupla Tico e Teco.
10. Zé Colméia [Yogi Bear, Hanna-Barbera] desde 1958 – O faminto urso ocupa-se em roubar as cestas de piquenique dos turistas, junto de seu companheiro Catatau, dando trabalho ao pobre guarda florestal do parque.

SENTINDO A FALTA DE desenhos como South Park na lista? Ele não foi esquecido e certamente estaria no topo se eu não tivesse limitado a lista até a década de 80. De lá prá cá a coisa ficou bem mais explícita e violenta, como pode ser conferido no vídeo abaixo, da série Happy Tree Friends (semelhante a Comichão e Coçadinha). O diferencial deste desenho apresentado é que raramente a violência é intencional por parte dos personagens: a carnificina acontece devido a uma série de outros acontecimentos.

quinta-feira, 13 de março de 2008

O Apanhador No Campo de Centeio

O APANHADOR NO CAMPO de Centeio (The Catcher in the Rye, 1951) é uma daquelas obras que não podem faltar em nossa estante. Histórico e polêmico, pode-se dizer que o livro inventou a adolescência, uma vez que até a década de 50 os jovens eram encarados de uma forma completamente errônea: ou eram somente crianças ou já eram considerados adultos. Ao escrever o romance, J. D. Salinger deu uma identidade a essas complexas criaturas e acabou influenciando toda uma geração que modificou o mundo na década posterior. Os hippies pré-setentistas que o digam.

CONFESSO QUE FUI COM muita sede ao pote quando iniciei a leitura. A maneira simples e direta com que Salinger narra a saída do jovem menor de idade Holden Caufield de seu terceiro colégio, aquele “cheio de cretinos e sujeitos perversos” me deixou um tanto decepcionado. Talvez eu esperasse uma maior rebeldia por parte do personagem pelo fato de ter se tornado uma referência para os jovens da era pré-rock and roll, mas o fato é que ele era devidamente rebelde para a época. Até aquele momento, nenhum outro autor havia analisado tão profundamente a alma destas crianças-quase-adultas. Utilizando-se de inúmeras gírias, traça um roteiro aparentemente sem rumo, entrando em temas completamente distintos à medida que se iniciava outro pensamento. Uma espécie de Joyce ou Kafka para adolescentes.
É NECESSÁRIO ESTAR mesmo muito deprimido para escrever um livro como estes, e talvez o seu autor fosse sempre assim. Seu best seller vendeu milhões de exemplares em apenas dois anos, transformando Salinger numa espécie de astro. Conta-se que Bob Dylan fugiu de casa várias vezes inspirado nele. De qualquer forma, é sabido que Salinger renunciou às glórias literárias e decidiu-se por viver isolado numa casa no topo de uma montanha. As vendas de seus livros tiveram um grandioso salto com a trágica morte de John Lennon, assassinado por um fã descontrolado. Mark David Chapman, dono da arma calibre 38 que tirou a vida do ex-beatle, carregava consigo uma edição do Apanhador No Campo de Centeio e dizia obedecer a vozes em sua cabeça.
O LEITOR SE DEPARA com a estória de um irritante jovem virgem e depressivo, insatisfeito com praticamente tudo ao seu redor. Contudo, à medida que avançamos na leitura, começamos a encontrar algumas passagens que nos deixarão mais tarde, ao chegar às últimas páginas, com um generoso sentimento de satisfação. O ponto alto da obra de Salinger está no mau-humor de Holden, que odeia cinema e é incapaz de ligar para a garota por quem é perceptivelmente apaixonado. Seu estado depressivo o leva a pensar em suicídio e a desejar se passar por surdo-mudo, para que não precisasse ter “nenhuma conversa imbecil e inútil com ninguém”. No decorrer da narração, é chamado de bobalhão por uma prostituta, de estranho pelo professor que ele julga ser “veado” e de imaturo por um amigo intelectual seu, o que o faz cair cada vez mais na mais assustadora depressão. É um fumante compulsivo em alguns trechos e costuma mentir sobre sua idade para conseguir beber nos restaurantes que freqüenta, mas não chega a ser um rebelde ao pé da letra. Phoebe, a irmãzinha de Holden, acaba roubando a cena no rumo final do romance, roubando o verdadeiro cargo de heroína, uma vez que o protagonista está mais para um enlouquecido vilão.
A LEITURA DO LIVRO não é recomendada para jovens imaturos, pois tem a capacidade de transportar o leitor para o mesmo estado de espírito de Caufield. Contudo, é um estudo obrigatório. É preciso cair na fossa para observar com cautela as imundícies presentes em cada momento de nossa vida cretina, idiota e sem sentido.

sábado, 8 de março de 2008

O Lado Bom de Calvin (parte 3 de 3)

ESTREMAMENTE CRIATIVO o final da história: Quando o lado bom do Calvin tem um pensamento maligno, desaparece de vez. Como diz o Haroldo, "é a única pessoa cujo lado bom é dado à maldade". Ser bonzinho demais não dá mesmo certo...


domingo, 2 de março de 2008

O Lado Bom de Calvin (parte 2 de 3)

É MUITO INTERESSANTE quando a "manifestação física de seu lado bom" tenta ser gentil com a Susie. O verdadeiro Calvin fica desesperado consigo próprio. E é muito impressionante imaginar como a sua cabeça consegue fantasiar tamanha história apenas com uma caixa de papelão. Quem dera as nossas crianças do século 21 conseguissem se divertir com coisas tão simples. Oh, sim. Falta um pouco de Calvin em cada uma delas.